sábado, 31 de agosto de 2013

Cadê as cheerleaders?



Por mais estranho que isso possa soar para quem me conhece, eu sou um apaixonado por esportes. Não me encaixo no estereótipo clássico do esportista - em parte por não me vestir de acordo, em parte por não acompanhar o futebol, mania nacional - mas grudo no sofá durante as Olimpíadas e Pan Americanos e acabo assistindo mais canais de esportes do que de qualquer outra coisa, nas poucas vezes em que assisto TV. Mas eu curto variedade; ao invés de me prender a um só esporte, gosto de conhecer a maior quantidade possível deles, inclusive os esquisitos. Coisa de nerd, creio.

 eu definitivamente não sou esse cara. Tô mais pro Bender mesmo

Portanto esse post é sobre algo que já havia pensado há muito tempo, mas não me lembro de jamais comentar com ninguém. Não é um post científico nem sério; eu não pesquisei NADA antes de escrevê-lo. E eu não venho trazer respostas, só dúvidas. 

 Uma coisa que eu sempre achei engraçada: o Brasil é visto, tanto nacional quanto internacionalmente, como um país bastante "mulherengo". Mas o futebol, que é o esporte mais popular daqui e encarado como "coisa de macho" (só porque os brasileiros não conhecem o rugby, né), não tem cheerleaders. Pelo que eu tenho andado percebendo, a exibição das Ring Girls (em esportes de luta) e das Grid Girls (em corridas) também é menor nas TVs daqui que dos EUA.


ainda acho que os americanos gostam mais de suas cheerleaders que de seu futebol chato


Fico me perguntando o porquê disso. Duvido que seja por vontade do público, já que a maioria dos homens que gostam de esportes parecem não perder uma oportunidade de ver mulheres gostosas seminuas. Existe algum "falso puritanismo" na mídia tradicional brasileira, ou eu tô viajando?


sabe aquele seu tio grosseirão que adora assistir futebol tomando cerveja? O que você acha que ele preferiria ver no intervalo, isso aí em cima ou a cara murcha do Galvão?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Anel de Veneno Medieval Descoberto na Bulgária



Arqueólogos descobriram um anel com uma quase imperceptível cavidade, que eles acreditam ter sido usada para esconder  veneno para assassinatos políticos na Bulgária medieval.


O anel de bronze, de mais de 600 anos de idade, foi encontrado durante escavações nas ruínas de Cape Kailakra, onde aristocratas da região de Dobrudja viveram durante o século XIV.


Mais informações aqui (em inglês).

domingo, 18 de agosto de 2013

Por que o ornitorrinco é tão... bizarro?




Você conhece o ornitorrinco, certo? Com certeza já usou ele para exemplificar o quão exótica é a Austrália. Afinal, um mamífero peludo, com cauda de castor, bico de pato e esporões venenosos não é algo que se vê todo dia. Mais estranho ainda: eles botam ovos. OVOS. São um dos DOIS únicos mamíferos ovíparos do planeta, e ninguém conhece o outro (as equidnas, que também vivem na misteriosa Austrália e na Nova Guiné).

lhes apresento uma equidna. Não, não é um porco espinho

Você já deve ter ouvido as mais diversas “explicações” de por que esses animaizinhos são tão esquisitos, algumas de brincadeira, outras motivadas por ignorância mesmo. Já ouvi gente achando que eles eram o cruzamento de várias espécies. Esses devem ter usado as páginas do livro de Biologia pra enrolar um baseado. Tem a clássica “essa é uma prova da existência de deus”. Não vou nem comentar. E já ouvi - juro pelas barbas de Dumbledore - gente defendendo ferrenhamente (e alcoolicamente) que os ornitorrincos eram frutos de experimentos conduzidos por cientistas nazistas (?) loucos. Acho que já sabemos por que eles perderam a guerra...

A explicação da Paleontologia não é tão viajante quanto essas. AVISO: não sou biólogo, portanto minha explicação será curta, rasa e sucinta. Não tome-a como material científico, apenas como curiosidade.

achou nosso antepassado mamífero? é aquele ali no canto, sofrendo bullying de um ancestral das aves

Vamos começar voltando um pouquinho no tempo. Não se sabe com precisão quando surgiram os primeiros mamíferos, mas é seguro assumir uma data por volta de meados do Período Jurássico, na Era Mesozóica. Ou seja, estamos falando de uns 180 milhões de anos atrás. Pouca coisa. Nessa época, os dinossauros ainda dominavam o planeta, e os mamíferos existentes eram pequenos e medrosos, parecidos com pequenos musaranhos.

Musaranho de Dentes Brancos (Crocidura russula), uma espécie de musaranho moderno

Ainda nos primeiros “poucos” milhões de anos subsequentes, nossos distantes (põe distantes nisso) ancestrais já se dividiam em algumas linhagens ou grupos distintos. Apenas duas destas linhagens primordiais sobreviveram e possuem descendentes hoje: os Borealosfenídeos (bo.re.al = do norte, setentrional) e os Australosfenídeos (aus.tral = do sul, meridional).

Os grandes lagartos foram extintos ao final do Mezozóico e – ao longo de uma complexa história de migrações, extinções, derivas continentais e balsas de vegetação – os mamíferos se espalharam pelo globo e se tornaram a classe dominante do pedaço. Os borealosfenídeos – divididos em placentários (nós estamos aqui) e marsupiais (aqueles com bolsa, tipo o Canguru) – se diversificaram enormemente ao longo desses milhões de anos, formando quase todas as espécies de mamíferos que você conhece hoje. Quase todas.

Mas pera, e os australosfenídeos? Eles foram sendo empurrados para escanteio pelos seus primos borealosfenídeos, até chegarem ao ponto de só sobrarem uma meia dúzia deles no cantinho da Oceania. As equidnas sobrevivem em quatro espécies diferentes, de dois gêneros distintos (Zaglossus bruijni, Zaglossus attenboroughi, Zaglossus bartoni e Tachyglossus aculeatus). O ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus), por sua vez, é o que se chama de espécie monotípica: sem subespécies ou variantes conhecidas. Ou seja, ele é realmente, REALMENTE único.

ó o bebezinho

Daqui para frente, sempre que você olhar para um ornitorrinco ou equidna (em que situação eu não consigo imaginar), tenha em mente: nada menos que 180 milhões de anos de evolução te separam dele. E sempre que você se sentir solitário, lembre-se: você nunca será tão sozinho e diferente quanto o pobre Ornithorhynchus anatinus.

mas não precisa ficar triste, Perry. O Phineas e o Ferb te amam


IMPORTANTE: Assistam a esse vídeo aqui do Pirulla, em que ele explica magistralmente a evolução e dispersão dos mamíferos pela Terra. Na verdade, assistam a TODOS os vídeos dele, o cara é foda.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Como criar um personagem de RPG



Se você é um novato no mundo do Roleplaying, uma das primeiras coisas que você deve aprender (logo após o que é RPG e como se comportar durante o jogo) é a criar seu personagem. Fique comigo; daqui a pouco vamos descobrir como fazer isso passo a passo. Agora, se você é mais experiente e já jogou algumas vezes, deve estar pensando em largar este texto agora mesmo. Afinal, “Isso é o básico do básico! Eu já criei um monte de personagens de RPG!” Hmm, será mesmo?

Talvez sim. Mas vamos começar fazendo uma pequena distinção aqui, que deveria ficar bem clara na cabeça de todos os jogadores. Uma ficha não é a mesma coisa que um personagem. A ficha é apenas um tokken, uma representação para fins de jogo. É composta principalmente por um amontoado de números e informações, com um espaço (pequeno demais) para que você escreva seu background (a história prévia do seu personagem). Alguns sistemas mais modernos ou mais interpretativos, como O Um Anel ou Rastro de Cthulhu, incorporam na ficha elementos narrativos do seu personagem, porém ainda vagos demais para uma interpretação completa.

Sendo apenas uma representação, a ficha deveria sempre ser criada após o personagem. Portanto ponha os dados de lado por um momento e vamos fazer um pequeno exercício criativo.

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Conceito

Esta é a pedra fundamental, o alicerce ao redor do qual todo o resto será construído. Neste momento, talvez você já tenha em mente a futura classe ou profissão do seu personagem. Deixe-a de lado por um momento e se atenha ao que há de mais básico, de mais abstrato. Seu personagem é charmoso e malandro, porém carismático e com um bom coração? Ou é inteligente, disciplinado e leal aos amigos? Ou talvez sábio e enérgico, capaz de se sacrificar pelo bem da missão?

A dica aqui é: Você é capaz de descrever seu personagem sem fazer alusão ao seu nome, aparência ou ocupação? Se a resposta for positiva, parabéns, pode seguir adiante. Se for negativa, volte e tente de novo. Experimente fazer o mesmo exercício com personagens de ficção que você conhece, para praticar.

Agora você já pode pegar de volta a classe ou profissão que havia escolhido e mesclá-la ao conceito. Que tal agora? Um contrabandista galáctico charmoso e malandro, porém carismático e com um bom coração? Uma bruxinha inteligente, disciplinada e leal aos amigos? Ou um velho mago sábio e enérgico, capaz de se sacrificar pelo bem da missão?


Motivação

Conforme lembrado pelo nosso querido hobbit Bilbo Bolseiro, aventuras são coisas desagradáveis e desconfortáveis, e fazem com que você se atrase para o jantar. Para não mencionar todos os perigos e riscos de vida envolvidos. Sendo assim, nada mais coerente que seu personagem deva possuir um ótimo motivo para se envolver neste tipo de loucura.

Seu personagem possui algum problema ou inquietação, e apenas se aventurando ele será capaz de solucioná-lo. O ideal é que a motivação exista em dois níveis: um mais concreto (como o desejo de um jovem guerreiro de se tornar forte o suficiente para entrar para a Guarda Real) e outro mais psicológico (a necessidade do tal jovem guerreiro de provar seu valor para seu pai, que fez ele próprio parte da Guarda).

Evite motivações bobas e simples como “ficar mais forte” ou “acumular tesouros”. Você pode achar que está sendo esperto por poupar o trabalho, mas só está criando um personagem raso, unidimensional e descartável.


Aparência

Estamos mais que acostumados a alterar nossa própria aparência. Escolha de roupas, cortes de cabelo, uso de acessórios; tudo isso tem a intenção, consciente ou não, de expressar para o mundo o que somos, ou acreditamos ser. Faça a mesma coisa com seu personagem. Volte ao conceito que você já criou para ele e tente representá-lo em traços físicos.

O segredo aqui é a economia. Se você for um desenhista, pode tentar da vida ao seu personagem nos mínimos detalhes. Caso contrário, é melhor ater-se a poucas características, de forma que elas sejam marcantes. Coisas simples como “velho de barbas brancas”, “óculos redondos e cicatriz em forma de raio” ou “baixinho e com os pés peludos” tornam-se verdadeiros ícones culturais.


Hábitos e manias

Você rói as unhas? Estala os dedos? Talvez goste de cantarolar enquanto toma café da manhã, ou passe talco no corpo antes de ir dormir. Meu ponto é: você não é um robô; não realiza apenas tarefas objetivas, com alguma intenção objetiva por trás. Por que então seu personagem deveria?

A esta altura, você já deve estar pegando as manhas do negócio. Sim, você vai voltar mais uma vez ao conceito. Eu não o chamei de pedra fundamental à toa. E mãos à obra. Hábitos, manias, gestos característicos, vícios de linguagem; tudo isso é essencial para um personagem completo e convincente. E não se esqueça de executar tudo isso na hora da interpretação.


Passado

Agora sim você irá escrever o background. O ponto de partida é a motivação: Como ela surgiu? Que problema deu origem à necessidade de se aventurar? A partir daí, costure todos os elementos já estabelecidos: aparência, hábitos, manias.

A dica aqui é a relação do seu personagem com seus pais, sejam eles presentes ou ausentes. E, novamente, ser econômico: o background serve para apresentar o personagem, enquanto as verdadeiras aventuras acontecerão na mesa de jogo.


Futuro

Um personagem que evolui, muda com o tempo e aprende com os desafios enfrentados é muito mais interessante que um boneco de cera imutável. E não estou falando apenas da evolução em termos de jogo, do acúmulo de níveis e pontos de experiência. Estou falando da evolução enquanto pessoa.

Volte ao problema que deu origem à motivação do personagem. Agora tenha em mente que essa inquietação deve ser superada ao longo das aventuras, ou estas terão sido em vão. Elabore uma curva de crescimento pretendida para o personagem; esse crescimento costuma ser psicológico, emocional ou espiritual, dependendo do tipo de história.

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Essas são as orientações básicas que você precisa para elaborar um personagem mais profundo, convincente e, principalmente, muito mais legal que um amontoado de números em uma planilha. Mas o trabalho de verdade depende da sua criatividade; sinta-se livre para ignorar qualquer das minhas sugestões, se lhe parecer mais correto (não mais conveniente).

E faça todo esse processo junto ao Mestre do seu grupo. Você pode achar que seu personagem é algo pessoal, mas um Mestre habilidoso vai saber te orientar de forma a criar um entrosamento narrativo entre os personagens e dar um sentido maior à trama da Campanha.

Bem, você não vai aprender mais nada lendo esse texto. Agora é hora de pegar papel e caneta (abrir o Word também serve) e começar a criar. Boa sorte.

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Nota: Os leitores mais atentos talvez tenham percebido que eu escrevo o personagem, ao invés do “correto” a personagem. Pois é, eu sei que, de acordo com a norma padrão, a palavra personagem é feminina e não flexiona em gênero. Mas eu discordo. Acredito que a flexão é mais coerente e ajuda no entendimento de certas situações. Portanto estou exercendo meu direito de ignorar esta regra gramatical. Grammar nazis, contenham-se.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que significa ser Professor?


Esse texto foi originalmente escrito por mim como um trabalho para a disciplina de Didática, na faculdade. O semestre já estava terminado, então a professor pediu para enviarmos por e-mail  um pequeno texto com uma reflexão sobre o papel do educador. Eu concluí que seria um desperdício largar minha reflexão no fundo da gaveta (Dropbox, na verdade), portanto aqui está ela.

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Pequena reflexão acerca do papel do educador...

Foi-se o tempo em que ensinar significava apenas transmitir o conhecimento, como se os alunos fossem meras esponjas, absorvendo passivamente o que escutam. Foi-se o tempo em que se acreditava que, para ser um bom professor, bastava possuir proficiência na área do conhecimento que se pretende ensinar. Ensinar é uma atividade profissional, que exige treinamento, métodos e técnicas muito particulares.

Pessoalmente, não consigo distanciar a área do Ensino da área da Comunicação. Um professor é, para mim, mais um comunicador, tal como um escritor, jornalista, publicitário ou cineasta. Seu produto comunicativo é sua aula, e esta, como tal, deve ser planejada segundo alguns critérios.

Primeiramente, seu público alvo. Assim como existem os mais variados perfis de espectadores, igualmente variadas são as turmas e alunos. O professor que falha em identificar o perfil de uma turma, suas referências e suas necessidades, falha em se comunicar com ela.

E falha em captar sua atenção. Sejamos honestos: é fácil exigir autoritariamente a atenção dos alunos, e se irritar quando eles não correspondem. Mas a atenção é algo subjetivo, quase inconsciente; muito mais complexa que um simples botão de liga/desliga. Portanto é, ao menos em parte, função do bom professor captá-la mantê-la.

Gosto de minha comparação do Ensino com a Comunicação porque, no momento em que  assamos a encarar o aluno como interlocutor, somos capazes de reconhecê-lo enquanto um igual, um indivíduo com sua própria autonomia e sua própria visão sobre o conhecimento que está sendo passado. Sem, é claro, que o professor se esqueça de seu papel de autoridade dentro da sala de aula.